sábado, 29 de outubro de 2011

Sobre Minha Saudade...





Vou colocar dentro de uma caixinha a saudade, guardar na última gaveta do criado mudo que fica do lado esquerdo da cama, porque lá quase não se abre a gaveta.  Esconder aquela agulhinha danada que fica espetando o cantinho mais sensível da saudade.
Pensado bem...
Vou combinar com a saudade o seguinte: Marcar data e hora em um lugar bem bonito e perfumado com flores para que possamos nos despedir. Vou chorar até esvaziar todas as lágrimas... Vou abraçá-la forte, fazer um afago e pedi gentilmente pra que ela se vá.
Não, não vou guardar a saudade dentro de um caixinha. Vou deixá-la livre pra quando quiser partir.
Saudade nunca se vai, ela pode se esconder vez ou outra, mas está presente – nas fotografias, cheiro, o barulhinho do sorriso, cartas amareladas pelo tempo, cartas enviadas e recebidas, o banquinho de madeira, a cachoeira do Itiquira, o tempo mágico em baixo de uma árvore, olhar pro céu e se perder entre as nuvens. Do beijo doce e abraço terno de sabor agridoce. 
Na busca por borboletas... Descobrir que minha saudade é toda colorida.
No dia que eu deixar de senti saudade também deixarei de ser eu.

[por, Rô] 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

[Des]apaixonar-se


Apaixonar-se é uma loucura.
Você permite que o outro entre na sua vida, abre as portas e janela do seu coração e faz com que o outro se sinta completamente à vontade. Arreda uma cadeira e pede pra ele senta-se no lugar mais aconchegante. Você enfeita tudo!
Tudo é uma explosão de bons sentimentos.
Você manda aquele SMS e sabe que vai ter uma resposta toda carinhosa do outro lado.
Você escreve cartas adocicadas com carinho. Escreve o nome de vocês no tronco de uma árvore. Distrai-se desenhando coraçõezinhos fofos.
Senta na janela do seu quarto e fica sorrindo para as estrelas. Escreve o nome dele nas vidraças com gotinhas de água quando chove.
Você se olha no espelho e se acha uma gracinha. Faz graça.
Você se dá conta que ele tem todos aqueles quesitos para achar que o carinha é exatamente o seu número!  Não que ele não tenha defeitos. Sim, ele tem, mas você aceita o pacote completo até porque o perfeitinho nunca foi seu forte.
Ele faz poesia, gosta de boa música e ler livro de jeito encantador. Você começa a admirá-lo de forma tão única...
Você se pega lendo coisas sobre mitologia (coisa que nunca fez antes).
Ele também é chato, tonto e faz você chorar.
Ele também te faz rir. Conta histórias engraçadas e te faz surpresas super fofas.
De repente, vocês já se conhecem tão bem a ponto de um saber que o outro não está bem só pelo tom de voz. Ele sabe exatamente o que te deixa chateada...  Tudo vai se construindo devagarzinho. Você se sente a vontade do lado dele. Você não tem a menor vergonha em dizer o que pensa.
Longas conversas. Paciência de cá, de lá...
Ah, sem contar nos mimos.
Mas...
O pior é acreditar que vai ser pra sempre. Nunca é pra sempre.
Vai ter um momento que algo que não estava dentro do contexto vai acontecer quer dizer: quando se trata de coisas do coração tudo faz parte do contexto.
[Des]apaixonar-se é imensamente complicado.
Você resolve partir e ele não te pede pra ficar.
Você abafa o choro quando o chuveiro está ligado pra que ninguém escute seu soluço.
Você acredita que só ele é capaz da façanha em te fazer feliz.
 Até que você comece a acreditar que pode ser feliz sem ele... Leva tempo. Mas esse tempo chega... É só questão de paciência e também de desvendar que nada é pra sempre.
Que eu seja paciente...
                                                              [Por, Rô]

Ao som de: Quantas vidas você tem? [Paulinho Moska]
Dois [Tiê]


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Banho de Chuva



Hoje, quando voltava do curso de inglês fui surpreendida pela CHUVA!
Pessoas andavam apressadas nas ruas com medo dela... Pode?
Elas diziam: “Ah, que eu chegue em casa antes que essa chuva me pegue”. Ou coisas do tipo: “Pedi chuva, mas não uma tempestade”. E por aí vai... Não consigo entender o “bicho homem”. Complexos demais.
Eu fiz questão de caminhar em passos lentos, bem lentos... Sabe aquela vontade doida de banho de chuva? E, hoje mais do que nunca meu corpo, minha alma pediam gotinhas vindas do céu. E porque não atender pedidos da alma? Isso é coisa séria...
Que banho bom, meu Deus! Nem fiquei com medo dos relâmpagos e dos trovões, mas sempre acreditei que os trovões é Deus chateado com a gente... Isso faz todo sentido.
Penso que os trovões não eram pra mim, não que eu não tenha culpa no “cartório”, mas senti Deus sorrindo pra mim.
A chuva foi chegando de mansinho e a recebi de braços abertos, brinquei com as poças de água, dancei e agradeci a Deus por não ter gente na rua. Sim, porque eles são chatos, sabe? Eu me senti a vontade sem ninguém me olhando ou talvez tivesse vai saber... Só sei que eu sorria, sorria. Tentava pegar com as mãos as gotículas de água e achei tudo um máximo. Ria de mim mesma ria por me preocupar com coisas tão bobas ao invés de me preocupar com o que é importante de verdade.
Naquele momento vivi genuinamente meu eu infantil, a criança que há em mim foi um norte para me mostrar àquilo que de fato sou.
Hoje me senti como aquelas princesas de conto de fadas entende? Sim, porque os contos de fadas nos remetem otimista coragem com relação à vida. E, essa força vem da essência da criança que habita em nós.
Quando coisas tão simples me surpreendem de forma tão delicada e ao mesmo tempo de forma tão forte, percebo que há certa inocência em mim e que essa inocência ainda não foi prejudicada pela minha idade adulta. 

[Por, Rô]

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um tanto dispersa...


Quando estou dispersa sinto uma necessidade incrível de escrever, embora nem eu saiba o que fazer com lápis e caderno que estão em minhas mãos.
Estou sentada debaixo da escada, gosto de ficar aqui, é um lugar aconchegante da casa. Gosto do silêncio que perpetua nesse espaço. Mesmo sem o som ligado ouço: Elephant Gun do Beirut... essa música não sai da minha cabeça. (amo aquele toquizinho). 
Gosto de ficar sozinha, quero ficar longe de pessoas só por um tempo. Preciso. As pessoas falam muito, fazem muito “auê”.
Preciso ficar só comigo mesma sabe? Quero me afastar do “auê” que está lá fora. Quero fugir do que me incomoda, quero fugir das coisas que não aceito e que insistem em ficar latejando aqui dentro. Gosto do silêncio. Preciso me ouvir um pouco, preciso conversar comigo e colocar os pingos nos “is”.  Agora, consigo ver com bons olhos que sou um tanto diferente do que as pessoas que estão lá fora chamam de  "normal". E ser diferente é bom, mesmo que as pessoas muitas vezes me "condenem" por isso. Não me importo com elas. Estou com preguiça de gente.
Tenho necessidade de me ausentar do mundo. Ou o mundo precisa de ausentar de mim?
Precisava vim pra debaixo da escada.
Estou trabalhado e estudado tanto, tenho exigido tanto de mim. Essa é a forma que encontrei pra fugir da caixinha de problemas que tenho na vida.
Tenho pensado muito: Quando as coisas serão do jeito que sonhei?
Por que me sinto triste?
Sei que é apenas uma fase. Isso vai passar.
Às vezes não sei aonde vou indo e nem faço ideia de onde estou, mas também não me preocupo muito. Vou seguindo... 
Fico um pouco perdida nas manhãs. De tardezinha vejo o Pôr do Sol...
O que me conforta é que mesmo não sabendo o caminho sinto fortemente que não me perdi de mim.
Só preciso respirar fundo, sei que vou encontrar o caminho.
Pra falar a verdade o caminho eu sei. O que preciso mesmo é de coragem. É que uma força me chama pro lado oposto e sei que não devo seguir... Sei bem que é pra cessar esse lado oposto, pois conheço bem o seu fim e que doerá muito...  por isso, melhor fugir pra debaixo da escada. 
Queria seguir uma estrada bem longa e caminhar muito, muito até não senti forças nas pernas, até cair de joelhos no chão. Queria caminhar até esquecer de tudo que me deixa triste. 

[Por, Rô]