quarta-feira, 19 de maio de 2010



Fechar os olhos e acreditar que tudo é paz... Essa paz que se faz de dentro pra fora.
Acreditar que o mundo tem a sutileza das cores de conchinhas cor de anil. Que tem cheiro de uma cesta com flores do campo. Senti o vento fresco e brando no rosto e conseguir ver a própria alma... clara e luminosa.
Que as gotas de orvalho sejam como bálsamo de humildade nas pétalas de uma flor. 
Que ao soprar as pétalas, elas voem longe, longe onde eu também possa ir. Pétalas voando ao vento como no compasso de um balé. 
Que eu pinte estrelas de todas as cores.
À tarde assisti o espetáculo do Pôr do Sol deitada na magia inexplicável do arco ires.
Quero na maciez de uma nuvem ver as luzes coloridas e brilhantes do Aurora Boreal.
Ser pedrinha no fundo das águas de uma cachoeira.
Senti a essência verdadeira do amor na sua mais profunda pureza.
Muitas vezes eu nem sei quem eu sou, mas a visão dos meus sonhos me faz acreditar que eu posso ser e ir até onde eu quiser.
Ir e acreditar.
Senti a leveza do corpo no bailar do vento, no colorido e perfume das flores. 

(Por, Rô)

(Escritas ao som do Mantra Om Shanti)

Vovózita....


E sinto a ausência tão viva em mim. Ouço a lembrança da tua voz mansa, o sotaque mineirinho: “Azulim”, “amarelim”,” um cadim” , “tiquinhim”.
Quanta falta vovózita... Falta dos meus dias coloridos de infância. De tomar café do bule e das canequinhas de alumínio esmaltadas. Saudade de ouvir suas histórias de quando menina, dos versinhos tantas e tantas vezes recitados.

Segurava minhas mãos e dizia: “Que mãos friazinhas”. E a as suas sempre tão quentinhas, vovozita. Gostava de senti o calor de suas mãos tão protetoras... Uma proteção diferente. Mãos fortes e ao mesmo tempo tão delicadas.
Suas histórias contadas em versos... Havia uma inocência tão pura em ti...

Eu amava seus cabelos tantas vezes trançados por minhas mãos friazinhas... Agora os anjos fazem isso por mim.
E seus últimos dias comigo você já não falava, andava... Mas eu sabia o que dizia seu olhar... Olhar que tantas vezes me dizia que estava sentindo dor, que pedia para eu não sair de perto. Tantas vezes tentei inverter os papéis recitando seus versinhos bem baixinho... Cochichando no seu ouvido. E você que sempre fez isso tão perfeitamente bem...

Seu abraço está comigo, sinto a textura da sua pele enrrugadinha pelo tempo, a maciez dos seus cabelos alvinhos, ainda ouço a sua voz e sinto sua alma doce sempre perto.

Hoje olhei o céu “azulim” e vi um brilho especial... O seu brilho!
Bom seria, se eu ficasse na ponta dos pés e esticasse bem o corpo e com as mãos tocasse o céu e por entre nuvens macias e doces sentisse o seu abraço de luz. Iria abraçá-la tão forte... Fecho os olhos e imagino nós duas como duas crianças rodopiando na maciez suave das nuvens e com o sorriso radiante de Deus a nos olhar.
                                               Há uma saudade imensa em mim.

(Por, Rô)