De quando em vez... De vez em quando. Fico a bordar sentimentos em tecido de cetim bordando assim, sem pressa... O tecido é extenso e intenso. Doce textura tem esse tecido em mim... É um tecido em versos, versos tantas vezes dispersos. Brinco de bordar borboletas amarelas e azuis. Danço... Ora em um compasso rápido, ora em um compasso lento. Acompanhando o ritmo do vento. Faço rodopios como oferendas ao tecido de cetim e em um suave balanço tudo que ali bordado, saem do tecido e ficam entorno de mim. São flores, borboletas, conchinhas, Sol, Lua, estrelas, Mar... Todas bordadinhas com as mais suaves das cores, e sorriem pra mim e veem um arco ires na ires do meu olhar. Com os pés sinto a maciez suave do cetim que com leveza me leva até o céu. Permitindo que eu faça uma saudação ao Sol. Tiro proveito e aproveito um cochilo nas nuvens que parecem mesmo algodão. Apenas eu, em forma humana e a natureza em forma de poesia... Poesia na sua mais linda perfeição. Tão doce... Meiga e terna. Sinto a brisa tocar meu corpo com um envolvente abraço. É disso que preciso de um abraço que me faça senti importante. Eu e meu tecido de cetim bordado sem pressa. Bordo um pouco daqui... Outro pouquinho dali. E ele vai ficando todo enfeitado, floridinho... Seus bordadinhos tão cheios de sonhos. Não estou sozinha tenho meu tecido de cetim... Assim, do meu jeito, com meu cheiro e com minhas cores. Cetim de sensibilidade aguçada. Cetim que me envolve e não me deixa ficar parada. Ele quer sempre o movimento dos compassos lentos ou rápidos. Desde que eu não pare. E é por isso que não paro. E estou sempre a dançar e bordar com meu tecido de cetim. E por ser tão extenso e intenso não posso deixar de bordar nunca e de deixá-lo sempre perfumado. Tal tecido de cetim é minha vida. Eu faço do meu cetim o que de melhor há em mim. E meu cetim está sempre voltado ao Sol com giros suaves e delicados. Cetim pendurado em um varal a dançar no ritmo sereno do vento. Sentindo os raios do Sol... Os raios do Sol.
( Por, Rô)